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Prédios centenários da capital amazonense também contam o abastecimento da concessionária Águas de Manaus. Teatro Amazonas, Mercado Adolfo Lisboa, Palácio da Justiça, Palacete Provincial são alguns dos pontos que consomem, em média 200 mil litros de água por mês. Em sua maioria, são pontos turísticos, culturais e históricos da capital que contam com um sistema próprio para a reservação e redes construídas na época dos ingleses, nos séculos passados.
Segundo o supervisor de distribuição de água da Águas de Manaus, Luiz Castro, a maioria das edificações localizadas no Centro Histórico da cidade possui um sistema de reservação de água próprio. “A maioria desses prédios já possuem uma cisterna dentro da estrutura do terreno. O Teatro Amazonas, por exemplo, conta com esse armazenamento extra. Isso evita oscilações no abastecimento quando é necessário esvaziar os reservatórios da área central ou quando a concessionária executa alguma manutenção emergencial na área”, destacou.
Sistemas adaptados – Com o passar dos anos, os prédios históricos da capital precisaram adaptar sistemas para melhorar o abastecimento. No Teatro Amazonas, por exemplo, foi necessário construir um reservatório elevado próximo a cúpula do teatro para suprir a demanda diária do local, especialmente em períodos de grandes eventos, quando há um fluxo maior de pessoas.
O reservatório fica em um local conhecido como “urdidura”. O espaço onde o reservatório foi instalado está sobre o palco e reúne as roldanas e ganchos que amparam a iluminação, os cenários e o pano de boca do Teatro. Do local, é possível ter uma visão privilegiada do Palácio da Justiça, outro prédio histórico da cidade.
Além disso, de acordo com o diretor administrativo Cândido Jeremias, houve uma modernização. “Ao longo do tempo fizemos a adaptação com torneiras automáticas para a maior economia de água, além de implantarmos uma cisterna na área externa do teatro para reservar água da chuva, que é reaproveitada em atividades como a irrigação do jardim ou em caso de uma emergência, como um incêndio”, afirmou. Sistemas semelhantes são utilizados em outros prédios históricos da capital como o Palácio Rio Negro e Palacete Provincial.
Segundo o historiador Hélio Dantas, o reservatório elevado na urdidura do Teatro foi construído após a década de 70. O Teatro Amazonas possui ainda um reservatório intermediário que também auxilia no abastecimento constante do local. “Temos relatos da construção de 4 cisternas no Teatro nos anos 20, mas segundo Mário Ipiranga, elas eram metálicas, por isso acredito que esse reservatório da urdidura foi construído posteriormente”, alegou.
De acordo com o supervisor de manutenção do Teatro Amazonas, Abílio Júnior, o consumo aumenta em época de eventos principalmente durante festivais. “Há um consumo bem maior e por isso temos esses reservatórios internos onde armazenamos a água disponibilizada pela concessionária para suprir essas demandas. A água fica armazenada em duas câmaras e o abastecimento é controlado por uma bomba que automaticamente é acionada quando há oscilação de fornecimento de água na rede externa”, afirmou.
ALTA DEMANDA ATENDIDA – Mais de 10 milhões de litros de água já foram disponibilizados para prédios da área central somente neste ano, segundo dados da concessionária Águas de Manaus. Nos últimos 10 meses, somente o Teatro Amazonas consumiu 1,9 milhão de litros de água, principalmente nas atividades cotidianas. O Teatro conta com 24 banheiros. Cada um dos 16 camarins que o local possui também conta com chuveiro e banheiro.
Outros prédios históricos também consomem um bom volume de água tratada pela concessionária. O destaque fica com o Palácio da Justiça (360 mil litros de água em 2019), Palacete Provincial (5,5 milhões de litros de água em 2019) e o Mercado Municipal Adolfo Lisboa (10,2 milhões de litros de água consumida desde janeiro deste ano).
MOCÓ E CASTELHANA – Os prédios históricos localizados na área central de Manaus são abastecidos com a água captada e tratada na Ponta do Ismael. Ela é bombeada para os reservatórios do Mocó e Castelhana, que também são prédios históricos da capital amazonense, construídos no período de 1800 a 1900. Muitos equipamentos também remontam a época de instalação dos ingleses. Atualmente, os dois reservatórios abastecem toda a área central e centro-sul da cidade. Uma população de mais de 250 mil moradores é beneficiada por esse abastecimento.
No livro “História do Saneamento de Manaus”, pesquisa e texto de Regina Melo e produção da Cosama (1991), o reservatório da Castelhana ganha destaque como um marco para o início do abastecimento de água em Manaus, com construção datando do mesmo período da obra do Mocó, apesar de mais antigo, erguido entre os anos de 1883 e 1884. De acordo com a publicação, em sua construção verifica-se que a cota relativamente baixa do nível de água não lhe permite abastecer com pressão suficiente novas áreas urbanas da cidade.
Por conta disso, o governo autoriza a construção do reservatório do Mocó. Apesar destas constatações, o prédio da Castelhana continuou em funcionamento e está localizado entre a Avenida Boulevard Álvaro Maia e a Avenida Constantino Nery, no Centro. A estrutura é toda em alvenaria e pedras, com quatro metros de altura e uma elevação de mais 60 metros. O “reservatório apoiado”, instalado sobre o piso, possui uma capacidade de armazenamento total de 4,5 mil metros cúbicos.
Já a proposta de construção do Reservatório do Mocó foi feita em 1880. De acordo com o professor e pesquisador, Otoni Mesquita, o início das construções vieram ao encontro de um anseio da população pela melhoria do abastecimento na capital. Construído em estilo neo-renascentista, foi inaugurado no ano de 1899 durante o período áureo do Ciclo da Borracha na Belle Époque.
Este reservatório abrange uma área com cerca de mil metros quadrados localizada na Praça Chile, no bairro Nossa Senhora das Graças, zona Centro-Sul, sendo planejado e construído com o objetivo de solucionar os problemas de abastecimento de água, que atingiam a cidade no final do século XIX.